terça-feira, 22 de março de 2011

CONTRIBUIÇÃO DA AMIGA E COLEGA DE PROFISSÃO ROSÂNGELA SPANAZZI

" Conhecer um objeto implica a sua incorporação a esquemas de ação,e isto é verdade desde os comportamentos sensórios-motores elementares até as operações lógico-matemáticas superiores."
Jean Piaget (Biologia e Conhecimento)
 
Rosangela Spanazzi de Oliveira
Fones: 34 - 32226727, 32247344, 92022627
Pedagoga/Psicopedagoga/Neuropedagoga
 

sexta-feira, 18 de março de 2011

 SUPORTE EDUCACIONAL
 Atendimento Psicopedagógico
Acompanhamento Pedagógico
Reforço Escolar


RECEPÇÃO




BRINQUEDOTECA




SALA 5 -  ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO E ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO
PRICILA PIRES








SALA 1 -  ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO 
ELIANE SANTA CECÍLICA




SALA 3 -  ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO e ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO
ROSÂNGELA SPANAZZI


quinta-feira, 10 de março de 2011

DICAS - Divisão nas séries iniciais

Divisibilidade sem decoreba

Todo número par é divisível por 2. Um número é divisível por 3 se a soma dos algarismos que o compõem for divisível por 3. Regras como essas talvez pareçam práticas no trabalho com a divisibilidade, mas o seu uso pode incorrer na mesma questão dos algoritmos: ele perde o sentido se não for revestido de significação para a garotada. Ao decorar a “fórmula mágica”, que verifica se um número é divisível por outro sem fazer a conta armada, é possível ofuscar a maior riqueza desse tipo de atividade: que a criança perceba as regularidades da divisão. “Em problemas de máximo divisor comum (MDC), por exemplo, os alunos costumam começar simplesmente testando o maior número”, diz Priscila Monteiro, formadora do programa Matemática É D+, da Fundação Victor Civita (FVC). “Essa estratégia é positiva e deve ser validada pelo professor.” Ela destaca que o interessante do trabalho com atividades que envolvem divisibilidade é o potencial de discutir estratégias e, em conjunto, elaborar hipóteses de generalização de fenômenos – o que mais tarde as turmas verificarão serem propriedades da divisão.

sábado, 5 de março de 2011

A borboleta e a psicopedagogia


"Lembro-me de uma manhã em que eu havia descoberto um casulo na casca de uma árvore, no momento em que a borboleta rompia o invólucro e se preparava para sair. Esperei bastante tempo, mas estava demorando muito, e eu estava com pressa. Irritado, curvei-me e comecei a esquentar o casulo com meu hálito. Eu o esquentava e o milagre começou a acontecer diante de mim, a um ritmo mais rápido que o natural. O invólucro se abriu, a borboleta saiu se arrastando e nunca hei de esquecer o horror que senti então: suas asas ainda não estavam abertas e com todo o seu corpinho que tremia, ela se esforçava para desdobrá-las. Curvado por cima dela, eu a ajudava com o calor do meu hálito. Em vão. Era necessário um acidente natural e o desenrolar das asas devia ser feito lentamente ao sol - agora era tarde demais. Meu sopro obrigara a borboleta a se mostrar toda amarrotada, antes do tempo. Ela se agitou desesperada, alguns segundos depois morreu na palma da minha mão. Aquele pequeno cadáver é, eu acho, o peso maior que tenho na consciência. Pois, hoje entendo bem isso, é um pecado mortal forçar as leis da natureza. Temos que não nos apressar, não ficar impacientes, seguir com confiança o ritmo do Eterno."
Nikos Azanizaki

Esta pequena história nos faz pensar num dos aspectos do trabalho psicopedagógico, ou seja, sobre o respeito ao aluno e às necessidades de aprendizagem de cada criança. A lagarta passa por um longo processo de transformação para virar borboleta e poder voar. A lagarta se alimenta muito para crescer. Este "alimenta-se para crescer" do ponto de vista da psicopedagogia são as experiências que a criança vai adquirindo em contato com as pessoas, os objetos e o mundo em geral. Há que se selecionar os "alimentos estímulos" mais apropriados para este crescimento. Depois, ao formar o casulo, a lagarta entra em repouso. Este tempo é necessário para que haja uma assimilação e uma acomodação das experiências, para que o sujeito as possa tomar como suas, fazendo e refazendo, como se construísse o seu casulo. Mas, há o tempo de sair do casulo e poder voar. Tempo de mostrar, de expressar, de comunicar. As formas de mostrar o que se sabe são variadas, às vezes são desenhos, ou são novas brincadeiras, ou, até novas perguntas. Só que cada lagarta tem seu tempo de casulo e seu tempo de ser borboleta. Não há como forçar e nem como acelerar os tempos, sem o risco de perdermos o vôo da borboleta!

Os comentários sobre a história da borboleta foram feitos por Erzsebet Mangucci - autora do livro Vivendo a Leitura e a Escrita, da Solução Editora.


sexta-feira, 4 de março de 2011

Síndrome do Alcoolismo Fetal e suas conseqüências para o desenvolvimento cognitivo infantil: um estudo clínico.
Pricila A. Pires Macedo
Pedagoga e Psicopedagoga pela Faculdade Católica de Uberlândia.
Resumo: A Síndrome do Alcoolismo Fetal é uma patologia gerada pela presença do álcool no organismo do feto em desenvolvimento gestacional. Este artigo tem como objetivo discutir os resultados de um estudo clínico que acompanhou e interveio nas dificuldades de aprendizagem de uma criança com essa doença. As estruturas de aprendizagem da criança não sofreram alterações significativas após o período de tratamento, devido a dois fatores principais: a dificuldade de memorização e o número insatisfatório de sessões de atendimento.  
Palavras-chaves: Síndrome do Alcoolismo Fetal , Dificuldades de Aprendizagem,
Intervenções Psicopedagógicas.
Abstract: The Syndrome of Fetal Alcoholism is a pathology generated for the presence of the alcohol in the organism of the embryo in gestacional development. This article has as objective to argue the results of a clinical study that folloied and intervined in the difficulties of learning of a child with this illness. The structures of learning of the child had not after suffered to significant alterations the period from treatment, which had the two main factors: the difficulty of memorization and the unsatisfactory number of attendance sessions.
Key words: Syndrome of Fetal Alcoholism, Learning Difficulty, Interventions  Psychopedagogy

I – Introdução
               Este artigo tem como objetivo apresentar os resultados de um estudo clínico  que acompanhou e interveio nas dificuldades de aprendizagem de uma criança diagnosticada com Síndrome do Alcoolismo Fetal (SAF).
               Ao pesquisar sobre a SAF, verificou-se nas  estatísticas um aumento significativo nos casos de recém-nascidos com problemas em seu desenvolvimento cognitivo. Desta forma, é importante um estudo clínico desta patologia para a área educacional, particularmente para a Psicopedagogia, visto que a SAF gera dificuldades de aprendizagem em crianças afetadas durante sua vida escolar. Constatou-se ainda que a literatura do meio educacional referente a essa doença não é suficiente para orientar seus profissionais.
               Assim, além dos resultados apresentados neste estudo, tem-se a intenção  de contribuir com a área da educação de forma mais esclarecedora.

II. -  Síndrome do Alcoolismo Fetal
               A Síndrome do Alcoolismo Fetal é uma patologia gerada pela presença de álcool no organismo do feto em  seu desenvolvimento e causada por ingestão de bebida alcoólica pela mãe durante a gestação.
               Há aproximadamente vinte anos, a comunidade científica vem se preocupando com a Síndrome do Alcoolismo Fetal (SAF). As primeiras descrições científicas dela foram realizadas em 1968 por Lemoine et al., na França, e por Jones e Smith, em 1973, nos Estados Unidos. Tais descrições ocorreram a partir de estudos que verificaram que crianças nascidas de mães alcoólatras eram portadoras de diversas  alterações no seu desenvolvimento natural, apresentando características específicas, tais como face peculiar, retardo do crescimento em peso e altura, alta freqüência de malformações e de distúrbios psicomotores. Essas características em crianças recém-nascidas foram designadas como Síndrome do Alcoolismo Fetal (SAF). 
               Todos os anos, nos Estados Unidos, mais de 40 mil bebês nascem com defeitos congênitos ligados ao álcool, e uma criança  em cada 750 sofre de Síndrome do Alcoolismo Fetal, de acordo com os dados de  Papalia (2000). 
               De acordo com Rodrigues e Corradini (1981), “A SAF é definida como um defeito fetal que consiste em três grupos de alterações: crescimento deficiente, características dismórficas e manifestações do sistema nervoso central (SNC).”. O crescimento  deficiente tem origem na vida intra-uterina e continua no período pós-natal, afetando o peso e a altura do nascituro. As características dismórficas incluem fissura palpebral pequena, face achatada, filtro nasal achatado e/ou longo, lábio superior fino, queixo pequeno, além de outras malformações. As manifestações neurocomportamentais no sistema nervoso central são caracterizadas por microcefalia, tremores, desenvolvimento lento, hiperatividade, problemas de aprendizagem, déficit de atenção e problemas de memória. 
               Apesar dos estudos científicos realizados nos Estados Unidos mostrarem os vários comprometimentos nos recém-nascidos de mães alcoólatras, nem todas as crianças geradas por estas são portadoras da SAF em grau elevado de comprometimento. 
               Para Delgado et al. (1991), a exposição do feto ao etanol pode causar disfunções cognitivas e comportamentais leves ausentes de malformações. Pode também causar conseqüências mais graves, chegando a anomalias morfológicas e retardo mental severo. Isso ocorre porque as malformações fetais estão mais relacionadas à concentração de álcool no sangue materno do que somente à quantidade ingerida.             
               De acordo com Corradini (1981; p.57),
Experiências têm demonstrado que os efeitos do álcool sobre o feto são expressos em um amplo aspecto de gravidade; suficiente para serem reconhecidas clinicamente como portadoras da Síndrome de Alcoolismo Fetal e para as quais o déficit de crescimento e desenvolvimento parecem ser permanentes. Para um lado menos grave deste aspecto, há um grande número de crianças menos afetadas, filhos de alcoólatras crônicas que manifestam apenas graus leves e moderados de déficit mental e de crescimento e nas quais os poucos defeitos encontrados não permitem um diagnóstico clinico definitivo.
               Alguns problemas da SAF desaparecem após o nascimento. Outros, relacionados ao sistema nervoso central na primeira infância, podem permanecer na fase adulta, tais como retardo mental, hiperatividade e dificuldades de aprendizagem. Estudos realizados pelos alunos de pós-graduação em Pediatria da Universidade de São Paulo apontam para outras conseqüências observadas durante o desenvolvimento da criança até sua fase adulta, como falta de concentração e atenção, dificuldades comportamentais e na fala. 
               Portanto, pode-se entender que os efeitos do álcool no desenvolvimento do feto resultam em comprometimentos diversos, seja no desenvolvimento  físico, cognitivo ou  emocional, chegando a causar também disfunções no sistema nervoso central.
III - Dificuldades de Aprendizagem
               Diante de todas as características apresentadas pela SAF, a dificuldade de aprendizagem na criança  tem neste artigo principal atenção, visto que se trata de um estudo clínico realizado a partir dos conhecimentos da Psicopedagogia, esta área do conhecimento  é uma ciência que surge para atender crianças e adolescentes que por diferentes fatores apresentam dificuldades de aprendizagem. 
               De acordo com França (1996), a concepção de dificuldade de aprendizagem está mais ligada aos problemas de ordem cognitiva, emocional e social, podendo ocorrer por vários fatores que não estão apenas na  criança.
               Para Fernandez (1991), existem vários fatores que causam a dificuldade de aprendizagem, os quais podem ser originados na maioria dos casos por ansiedade, falta de interesse ao aprender, perturbações emocionais, dinâmica familiar, histórico escolar, situações de momento ou problemas de  relacionamentos  interpessoais.
IV – Metodologia
               Tendo em vista os conhecimentos teóricos obtidos em relação à SAF, foram iniciadas intervenções com a  criança afetada (L.G.P)  à luz da teoria Interacionista, tendo como  principais teóricos Jean Piaget, Vygotisk, Henri Wallon, Constance Kamii, dentre outros. 
               Este estudo clínico foi dividido em três etapas, sendo a primeira denominada Ensaios Psicopedagógicos, na qual foram  realizados seis encontros, com duração de cinqüenta minutos cada, objetivando saber as queixas da família, da escola e observar a criança.
               Na segunda etapa, uma psicopedagoga foi convidada para realizar a avaliação/diagnóstico de L.G.P, para isso foram feitas seis sessões de atendimento, com duração de cinqüenta minutos cada, uma vez por semana.
                A terceira etapa, designada Intervenção Psicopedagógica, consistiu-se  de doze sessões de intervenção nos problemas diagnosticados na segunda etapa. Estas intervenções aconteceram em um consultório psicopedagógico, uma vez  por semana, em encontros com duração de cinqüenta minutos cada.
V. 1 - Ensaios Psicopedagógicos
               Nesta primeira etapa do trabalho, aconteceram encontros com a família, a escola e a criança. Durante a  entrevista com a família, a mãe adotiva relatou que a genitora de L.G.P fazia ingestão de álcool durante a gestação. Devido a isso, a criança, ao nascer,  encontrava-se com  baixo peso, problemas na ossatura do cotovelo, apresentava irritabilidade, agitação excessiva e algumas características faciais diferenciadas. Após consultar um neurologista, foi diagnosticada a Síndrome do Alcoolismo Fetal (SAF).  
               Iniciando sua vida escolar aos três anos, L.G.P demonstrou algumas dificuldades, pois encontrava-se sempre agitada, apresentando problemas de comportamento, com baixo nível de atenção. 
               Aos seis anos, na fase de alfabetização, foi acompanhada pela professora, que sugeriu à mãe atendimentos psicológicos. As queixas apresentadas pela educadora consistiam em agitação, irritabilidade, desatenção, dificuldades de comportamento e certa lentidão na aprendizagem da leitura e da escrita por parte de L.G.P. 
               Ao entrevistar a professora da primeira série do Ensino Fundamental, a qual L.G.P cursa pela segunda vez, verificou-se que as queixas apresentadas assemelham-se muito às relatadas na fase da alfabetização: uma grande agitação por parte da criança, gerando dificuldades comportamentais; a atenção e concentração nas tarefas escolares ocorre em um espaço de tempo curto; a educanda somente decodifica as palavras, não tendo compreensão da leitura; seu desenvolvimento em relação as outras crianças deixa a desejar; apresenta variação de humor e dificuldades no raciocínio lógico matemático.
                Ao entrar em contato com a criança, realizaram-se algumas atividades relacionadas à leitura e escrita, jogos de atenção, concentração e raciocínio lógico matemático. Constatou-se, por meio das atividades de leituras de textos, que L.G.P se encontrava na fase de decodificação das palavras, tendo dificuldades em reconhecer algumas letras do alfabeto. Durante a aplicação dos jogos, seu grau de concentração diminuía, ao mesmo tempo existia um grande esforço para realização das atividades.
V. 2 –  Avaliação e Diagnóstico
               Esta fase do trabalho se realizou conjuntamente com uma psicopedagoga, com o objetivo de obter pareceres do desenvolvimento de L.G.P e  com estes  estabelecer procedimentos coerentes de intervenção para o caso.
               A avaliação consistiu de testes nos quais foram utilizados recursos pedagógicos, tais como figuras geométricas, letras e sílabas, jogos de seqüência lógica e numérica, atenção, memorização e concentração, atividades de coordenação motora, criatividade e imaginação. Também foram realizados testes piagetianos, de classificação e seriação.
                Após a avaliação, obteve-se um parecer psicopedagógico cujos resultados se basearam nas competências escolares, aspectos relacionados a funções do pensamento e modalidade de aprendizagem.
                No que se refere às competências escolares, foram verificados os aspectos de linguagem, desempenho motor, raciocínio lógico matemático, socialização, atenção e concentração. Nos aspectos motores gráficos, L.G.P apresentou um traço muito leve tanto no desenhar como na escrita, apesar de seu tônus muscular manual ser bom, caracterizando insegurança. Observou-se, ainda, um esforço corporal generalizado.
               Quanto ao raciocínio, LG.P apresentou um comportamento espontâneo para conhecer e organizar os objetos, dessa forma, vai experimentando e organizando seu saber. Conta e opera com facilidade até 10. Tem dificuldade de fazer cálculos mentais acima de uma dezena e necessita trabalhar as funções simples das operações matemáticas. Não conserva quantidade; classifica com facilidade, mas não inclui classes. Não tem ainda a capacidade de seriar objetos e relatar fatos com detalhes.
               Quanto aos aspectos relacionados às funções do pensamento, foram verificados a atenção, concentração e tipo de vínculo que faz com o saber, sendo assim L.G.P apresentou uma atenção própria para sua idade e, quando envolvida na atividade, teve boa concentração. Demonstrou ansiedade em alguns momentos durante os atendimentos. Não se envolveu com música e teve dificuldades de relacionar corpo/mente e pensamento. L.G.P busca atividades mais lúdicas e pouco intelectuais. 
               Observou-se ainda um bloqueio em suas emoções. Devido a isso, L.G.P não gosta de realizar atividades do pensamento, imaginação e visualização, já que requerem entrega e confiança.
               Finalizando o parecer  psicopedagógico, conclui-se que  L.G.P apresenta uma modalidade de aprendizagem que requer mais concentração e atenção nas atividades cognitivas, bem como uma boa estimulação dos processos intelectuais. Os processos assimilatórios mostraram-se empobrecidos, o que pode comprometer sua aprendizagem.
V. 3 – Intervenções Psicopedagógicas
               Após a avaliação, realizaram-se as sessões de atendimentos, com o objetivo de criar novos esquemas de aprendizagem e amenizar as dificuldades apresentadas na avaliação/diagnóstico.
               Trabalhou-se com um planejamento de atividades  pré-estabelecidas que pudessem ser alteradas  de acordo com o desenvolvimento da criança. De acordo com este planejamento, traçou-se um roteiro utilizado em todas as sessões.
               No primeiro momento, exercitou-se o esquema corporal, por meio do relaxamento com música, bola e histórias, para que  L.G.P equilibrasse corpo e mente, facilitando as atividades de cada sessão. Durante estes instantes, também se trabalhou a lateralidade, imaginação, concentração e criatividade.
               No segundo momento, houve intervenção nas dificuldades apresentadas na avaliação/diagnóstico, sendo elas capacidade de adaptação, imaginação, criatividade, percepção, atenção, memorização, concentração, cálculos mentais, classificação, seriação, seqüência lógica e numérica, numeração acima de uma dezena, formas geométricas, letras, sílabas, orações, textos, leitura e escrita. Durante todo o desenvolvimento destas atividades, foi utilizado material lúdico que auxiliasse L.G.P a construir seus esquemas de aprendizagem.
               O terceiro momento foi reservado para uma brincadeira direcionada, sempre predominando brinquedos que contribuíssem com a memorização, atenção e concentração.
VI. – Considerações finais 
               A teoria Interacionista tem como princípio a construção do conhecimento. Baseando-se na linha do pensamento interacionista, entende-se que tanto o aprender como o ensinar significa construir um novo conhecimento.
               De acordo com Ernesto Neto (2000, p. 29),
Para o interacionismo, o conhecimento é construído pelo próprio sujeito a partir da sua interação com o ambiente: conhece porque atua, atua porque conhece. Atuando forma esquemas mentais de ação, e, possuindo esquemas de ação pode atuar.
               Partindo deste princípio, realizou-se as atividades de intervenção com L.G.P, objetivando a construção de seu saber a partir de suas experiências e interação com o meio. Porém, as intervenções nem sempre tiveram resultados favoráveis. Sendo L.G.P uma criança com Síndrome de Alcoolismo Fetal, tornou-se evidente a dificuldade para concretizar progressos na sua aprendizagem, principalmente em momentos em que a criança precisava utilizar de sua memória. É possível que isso tenha ocorrido pelo fato de que a SAF afeta o sistema nervoso central (SNC) e consequentemente a condição natural de memorização que as crianças possuem. De acordo com os dados de Delgado et al. (1991), o abuso do álcool é a causa mais importante nas manifestações neurocomportamentais que caracterizam, dentre outros, os problemas de memorização.
               Outro aspecto relevante na condição de aprendizagem de L.G.P é a  falta de atenção e concentração nas atividades intelectuais conjuntamente com as dificuldades de raciocínio lógico matemático. Nestes aspectos, a construção do saber fazia-se com dificuldades, tendo em vista, que L.G.P se encontra no estágio pré-operatório, mesmo já tendo completado oito anos. Nesta idade, já se faz necessário que as crianças estejam no estágio das operações concretas, de acordo com os conceitos piagetianos de desenvolvimento. De acordo com Ernesto Neto (2000), “o estágio pré-operatório vai dos dois anos, aproximadamente, até cerca de sete anos. O estágio das operações concretas vai dos sete anos aos onze anos aproximadamente.”.
               Pode-se acreditar que, além das dificuldades apresentadas no estudo, o fator tempo também tenha sido motivo para impossibilitar maiores avanços no desenvolvimento dos esquemas de aprendizagem de L.G.P. Considera-se insatisfatório o número de sessões de intervenção para se chegar a um resultado desejável, que modifique as estruturas de aprendizagem da criança.
               Chegar a este ponto da pesquisa foi fruto de estudo, leituras e trabalho, de forma a conduzir para um aprofundamento do tema, pois este estudo clínico é apenas o início de novas discussões e pesquisas sobre a SAF. Espera-se com este trabalho colaborar com todos os setores da educação que enfrentam o desafio de construir experiências significativas para alunos com Síndrome do Alcoolismo Fetal.
VII. Referencias Bibliográficas

COLL,C., MOYSÉS, M.  A História não contada dos Distúrbios de Aprendizagem. In: Cadernos CEDES nº 28, Campinas: Papirus, 1993, pp.31-48

COLL, C., PALACIOS, J. et al. Desenvolvimento Psicológico e Educação: Psicologia da Educação. Vol. 2 . Porto Alegre. Artes Médicas Sul, 1996.

COLL, C., PALACIOS, J. et al. Desenvolvimento Psicológico e Educação: Necessidades educativas especiais e aprendizagem escolar. Vol. 3. Porto Alegre. Artes Médicas Sul, 1995.

CRAIDY.C., KAERCHER.G. Educação Infantil. Para que te quero? Porto Alegre. Ed. Artmed, 2001.

DELGADO at al. Síndrome de Abstinência no Recém Nascido. Revisões e Ensaios. São Paulo. 1991.

ERNESTO NETO. Didática da Matemática: o construtivismo. São Paulo, Ed. Ática, 2000.

FRANÇA, C. Um novato na psicopedagogia. In: SISTO, F. et al. Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.

GALVÃO. I. Uma reflexão sobre o pensamento pedagógico de Henri Wallon. In: Cadernos Idéias, construtivismo em revista. São Paulo, F.D.E., 1993.

KAMII, C. A criança e o número: implicações educacionais da teoria de Piaget para a atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. Tr. Regina A. de Assis – 17ª ed. Campinas SP. Papirus, 1993.

NUNES. T. Aprender pensando: contribuições da psicologia cognitiva para a educação. 16ª ed. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, 1986. p. 52-68.

NUTTI, Juliana. Distúrbios, transtornos, dificuldades e problemas de aprendizagem. www.psicopedagogiaonline.com.br/artigo. Acesso em 06 jul. 2006.

PAPALIA, D. OLDS, S. Desenvolvimento Humano. 7ª ed. Porto Alegre. Artes Médicas Sul, 2000.

PIAGET, J., INHELDER, B. Psicologia da Criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.

RIBEIRO, E., SUGAYAMA, S. Unidade de Genética Clinica do Instituto da Criança – HC da FMUSP. Duas síndromes fetais importantes. II. Síndrome fetal alcoólica. www.pediatriasaopaulo.usp.br. Acesso em 30 de abr. 2006.

RODRIGUES, S., CORRADINI, H. Instituto da Criança do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da universidade de São Paulo.  Síndrome de Abstinência no recém-nascido. www.pediatriasaopaulo.usp.br. Acesso em 05 maio 2006.
VYGOTSKY, L.L. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1988.

Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Organização Mundial de Saúde (Org). Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
 

Sobre a psicopedagogia



1. O que é a psicopedagogia?
A Psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, tendo, portanto, um caráter preventivo e terapêutico. Preventivamente deve atuar não só no âmbito escolar, mas alcançar a família e a comunidade, esclarecendo sobre as diferentes etapas do desenvolvimento, para que possam compreender e entender suas características evitando assim cobranças de atitudes ou pensamentos que não são próprios da idade. Terapeuticamente a psicopedagogia deve identificar, analisar, planejar, intervir através das etapas de diagnóstico e tratamento.

2. Quem são os psicopedagogos?


São profissionais preparados para atender crianças ou adolescentes com problemas de aprendizagem, atuando na sua prevenção, diagnóstico e tratamento clínico ou institucional.

3. Onde atuam?

O psicopedagogo poderá atuar em escolas e empresas (psicopedagogia institucional), na clínica (psicopedagogia clínica).

4. Como se dá o trabalho na clínica?

O psicopedagogo, através do diagnóstico clínico, irá identificar as causas dos problemas de aprendizagem. Para isto, ele usará instrumentos tais como, provas operatórias (Piaget), provas projetivas (desenhos), EOCA, anamnese.
Na clínica, o psicopedagogo fará uma entrevista inicial com os pais ou responsáveis para conversar sobre horários, quantidades de sessões, honorários, a importância da freqüência e da presença e o que ocorrer, ou seja, fará o enquadramento. Neste momento não é recomendável falar sobre o histórico do sujeito, já que isto poderá contaminar o diagnóstico interferindo no olhar do psicopedagogo sobre o sujeito. O histórico do sujeito, desde seu nascimento, será relatado ao final das sessões numa entrevista chamada anamnese, com os pais ou responsáveis.

5. O diagnostico é composto de quantas sessões?

Entre 8 a 10 sessões, sendo duas sessões por semana, com duração de 50 minutos cada.

6. E depois do diagnóstico?

O diagnóstico poderá confirmar ou não as suspeitas do psicopedagogo. O profissional poderá identificar problemas de aprendizagem. Neste caso ele indicará um tratamento psicopedagógico, mas poderá também identificar outros problemas e aí ele poderá indicar um psicólogo, um fonoaudiólogo, um neurologista, ou outro profissional a depender do caso.

7. E o tratamento psicopedagógico?

O tratamento poderá ser feito com o próprio psicopedagogo que fez o diagnóstico, ou poderá ser feito com outro psicopedagogo.
Durante o tratamento são realizadas diversas atividades, com o objetivo de identificar a melhor forma de se aprender e o que poderá estar causando este bloqueio. Para isto, o psicopedagogo utilizará recursos como jogos, desenhos, brinquedos, brincadeiras, conto de histórias, computador e outras situações que forem oportunas. A criança, muitas vezes, não consegue falar sobre seus problemas e é através de desenhos, jogos, brinquedos que ela poderá revelar a causa de sua dificuldade. É através dos jogos que a criança adquire maturidade, aprende a ter limites, aprende a ganhar e perder, desenvolve o raciocínio, aprende a se concentrar, adquire maior atenção.
O psicopedagogo solicitará, algumas vezes, as tarefas escolares, observando cadernos, olhando a organização e os possíveis erros, ajudando-o a compreender estes erros.
Irá ajudar a criança ou adolescente, a encontrar a melhor forma de estudar para que ocorra a aprendizagem, organizando, assim, o seu modelo de aprendizagem.
O profissional poderá ir até a escola para conversar com o(a) professor(a), afinal é ela que tem um contato diário com o aluno e poderá dar muitas informações que possam ajudar no tratamento.
O psicopedagogo precisa estudar muito. E muitas vezes será necessário recorrer a outro profissional para conversar, trocar idéias, pedir opiniões, ou seja, fazer uma supervisão psicopedagógica.

8. Como se dá o trabalho na Instituição?

O psicopedagogo na instituição escolar poderá:

- ajudar os professores, auxiliando-os na melhor forma de elaborar um plano de aula para que os alunos possam entender melhor as aulas;
- ajudar na elaboração do projeto pedagógico;
- orientar os professores na melhor forma de ajudar, em sala de aula, aquele aluno com dificuldades de aprendizagem;
- realizar um diagnóstico institucional para averiguar possíveis problemas pedagógicos que possam estar prejudicando o processo ensino-aprendizagem;
- encaminhar o aluno para um profissional (psicopedagogo, psicólogo, fonoaudiólogo etc) a partir de avaliações psicopedagógicos;
- conversar com os pais para fornecer orientações;
- auxiliar a direção da escola para que os profissionais da instituição possam ter um bom relacionamento entre si;
- Conversar com a criança ou adolescente quando este precisar de orientação.

9. O que é fundamental na atuação psicopedagógica?

A escuta é fundamental para que se possa conhecer como e o que o sujeito aprende, e como diz Nádia Bossa, “perceber o interjogo entre o desejo de conhecer e o de ignorar”.
O psicopedagogo também deve estar preparado para lidar com possíveis reações frente a algumas tarefas, tais como: resistências, bloqueios, sentimentos, lapsos etc.
E não parar de buscar, de conhecer, de estudar, para compreender de forma mais completa estas crianças ou adolescentes já tão criticados por não corresponderem às expectativas dos pais e professores.

Por Simaia Sampaio